Seção Narrativa: Alyssa

 


Alyssa Maia , uma mulher alta, magra, com os cabelos cacheados e escuros, usando sempre um vestido cinza, e com uma expressão triste no rosto. Na sua vida comum, na sua casa amarela, caindo aos pedaços, sem ânimo para tentar coloca-la de pé novamente, como era a muito tempo, quando sua vida era bem mais fácil, antes de perder seu pai em um acidente de carro, e sua vó de uma doença a alguns anos. Ela olhava para as pessoas com amargura, seus lindos olhos castanhos estavam sempre cheios de água, ela se sentia solitária, sem amigos, sem família, sem nada que a fizesse querer levantar todas as manhãs... A não ser, seus livros. Desde pequena Alyssa adorava ler, era a única coisa que a fazia se sentir bem por um tempo, ela se encantava com a forma que os livros podem fazer você “sair da realidade”, e por um breve momento entrar em “outro mundo”, apenas lendo algumas palavras . Os seus preferidos eram o de romance, oh... como se pode melhorar e mudar a vida de alguém, apenas com o encontro de duas almas gêmeas? Ela se perguntava isso toda vez que sentia o que os personagens transmitiam através dos livros. E não é nenhuma surpresa eu dizer que ela trabalhava numa pequena biblioteca, a alguns minutos de sua casa.

Numa manhã de sexta-feira, com breves pingos de chuva caindo do céu, Alyssa acordou, olhou pela janela, e viu como o tempo estava perfeito pra ler. Ela desceu as suas escadas de madeira, passou pela cozinha e pegou uma maçã, logo alcançou o livro em sua estante e foi para varanda, seu segundo lugar preferido para ler. Depois de alguns minutos, apareceu um carro em frente a casa ao lado, mas... isso era bem estranho, além de Alyssa morar em um lugar onde era incomum pessoas se mudarem, todos os anos que ela viveu ali ninguém havia nem entrado naquela casa. Depois de alguns minutos saiu do carro um rapaz, era realmente impossível não nota-lo, ele estava usando uma blusa amarela bem chamativa com uma calça jeans. O rapaz era alto, tinha cabelos castanhos, e lindos olhos... estava falando ao telefone e sorria o tempo inteiro. Logo começou a retirar algumas malas do carro, Alyssa percebeu que a chuva piorava mais a cada segundo, e ele estava com dificuldade, então... ela foi ajuda-lo. Chegou perto do rapaz, que logo desligou o telefone, e estendeu a mão querendo cumprimenta-la, Alyssa estendeu a mão de volta e disse: - Bom dia, sou Alyssa, moro aqui do lado, deixe-me ajudá-lo com isso. – ela disse apontando para sua casa – - Bom dia! Me chamo Luca, obrigado pela ajuda, essa chuva me pegou de surpresa. – disse ele indo em direção a porta da casa – Quando acabou de ajudá-lo com as malas, Alyssa foi em direção a sua casa e viu o aceno de despedida do Luca, acenou de volta e entrou. No dia seguinte, dessa vez ensolarado, Alyssa acordou querendo ir ao parque. Apesar dela não ir muito, era seu lugar preferido para ler, o som das aves, a água do rio que passava por perto e o cheiro de grama molhada era como um jardim encantado para ela. Chegando no parque, ela viu alguém sentado no seu querido “banco da leitura”, ela chamava assim desde quando se mudou para aquela cidade. Chegando mais perto, ela reconheceu o Luca, ele estava lendo “The Fault in Our Stars” o seu livro preferido! - Então, alguém tem bom gosto nessa cidade. – ela disse um pouco surpresa por ele gostar de ler, ainda mais o romance que ela sempre amou. - - Oh, Oi Alyssa! Esse livro é incrível, já li varias vezes. – ele disse entre risos. – - Eu também! – ela respondeu – Ela então se sentou ao lado dele e eles conversaram por horas, sobre livros, sobre a vida, sobre romances... Depois de um tempo Alyssa se deu conta de como eles eram parecidos, em muitas coisas. Ao contrário de Alyssa, Luca tem muitos amigos e família, mas mesmo assim, ainda precisava escapar para o mundo dos livros de vez em quando. Perto do entardecer, Alyssa se despediu de Luca, já estava tarde e ela precisava trabalhar no dia seguinte. Naquela noite, ela ouviu batidas na porta, foi até lá, mas... um momento, não havia ninguém, ela olhou pra baixo e avistou um bilhete, que dizia: “Venha jantar em minha casa hoje as 20:00, como um pedido de desculpas por sentar no seu banco de leitura. Luca.” Ela já havia esquecido que tinha citado isso na sua conversa com ele. Alyssa se perguntou se seria loucura aceitar um convite de um cara que ela acabou de conhecer, mas, decidiu que iria. Depois de um tempo ela se arrumou e foi para o seu “encontro”. Foi uma noite incrível, Alyssa se divertiu com as histórias de Luca em suas viagens, seus casos loucos de família e seus comentários super críticos sobre livros que falam de romance. E Isso se repetiu por semanas, Alyssa com essas simples conversas, sorria e se divertia como nunca, levou Luca a lugares da cidade, incluindo a biblioteca onde ela trabalhava, e depois disso, tudo mudou. Alyssa e Luca estavam sempre juntos, seja no mundo dos livros ou na vida real. E em alguns meses dessa rotina já era visível os sentimentos de ambos... E em um dia de Sábado, Alyssa acordou disposta a dizer em voz alta tudo que sentia, aquela mistura de emoções precisava ser expressada. Luca tinha avisado a ela no dia anterior que iria ver a sua mãe, então ele só chegaria a tarde. Se passou horas e horas, já estava escurecendo bastante e o Luca ainda não havia chegado, ela já estava ficando preocupada, aliás, eles se falavam por telefone sempre e ela não havia recebido nenhuma mensagem desde muito cedo. Às 19:30 da noite, ela recebeu uma ligação: - Alô? Senhorita Maia? É do Hospital Central Da Cidade. - Sim, ela mesma, o que houve? - Senhor Luca sofreu um grave acidente de carro, seu número estava na lista de contatos de emergência. - Estou indo ai. Quando se deu conta Alyssa já estava dentro de um táxi a caminho do hospital, ela estava tremendo, nervosa, e supresa pelo fato de ser o contato de emergência do Luca, ela sinceramente não esperava por isso, a todo momento ela pensava do que poderia acontecer , a única coisa que ela desejava era que ficasse logo tudo bem. Chegando no hospital ela informou o nome dela na recepção e logo mostraram o quarto em que o Luca estava. Assim que entrou no quarto ela ficou em choque, ele estava com varios aparelhos em volta, tubos, tipoias, era uma cena horrível, não parecia o Luca alegre e sorridente que estava com ela todos os dias jogando conversa fora no parque. - Você é a Senhorita Maia? Um homem diz atrás dela, quando ela se vira vê um médico, e responde: - Pode me chamar de Alyssa, como ele está? Ele vai ficar bem? - Ele está em um caso muito grave, é realmente um milagre ele ter tido pulso quando chegou aqui no hospital, pra ser sincero é bem difícil ele “ficar bem". – ele disse fazendo movimento de aspas com as mãos – Ouvir aquilo foi tão difícil, Alyssa estava cansada de sempre perder as pessoas de sua vida, de sempre ter que passar por essa dor intensa, que a persegue todos os dias, ela não queria sentir isso de novo. Ela foi pro lado de fora do hospital, chamou um taxi que estava passando e foi para casa, chegando lá, ela arrumou algumas coisas, roupas, livros, dinheiro... ela queria fugir daquele lugar e daquele momento, o momento que iria receber a notícia de que o cara que ela amou tanto conhecer teria partido. Ela foi embora daquela casa, onde passava a maior parte do tempo, se despediu daquele parque mágico, deu adeus a sua biblioteca, seguiu seu caminho, e foi construir uma nova vida. Narrativa escrita por um(a) aluno(a) do 1º ano do Ensino Médio da Escola Adonai em Salvador: Flávia Correia Todos os direitos autorais pertencem ao blog, seus escritores e os autores da obra.

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