Variadas formas de enxergar a morte. qual é a sua?



A morte é um fenômeno inevitável e pensar sobre este assunto, nos leva a refletir qual deve ser o nosso viver.
            O que os principais filósofos falavam a respeito deste assunto?

            Segundo a maioria dos filósofos e historiadores; Sócrates preparou-se para a morte, rejeitando todo tipo de excesso, desde o comer, beber ou da riqueza. Ele não tinha uma definição clara do que ocorre após a morte, entretanto, afirma que o homem deve viver a liberdade, moralidade e a verdade.
            Epicuro, vai mais além e afirma que a morte não existe, por que para os vivos ela é inexistente e os mortos não estão aqui para explica-la. Portanto, o ser humano deve viver uma vida de prazer, sem excessos. 
            Para Montaigne, filosofar é aprender a morrer, pois meditar sobre a morte é meditar sobre a liberdade, quem aprendeu a morrer, recusa-se a se submeter, para ele a vida não é nem boa e nem má, ela se torna uma ou outra, segundo a forma que você vive. Portanto, para ele viver é aprender a morrer, a morte para ele não é um objetivo de vida, mas um fim e para estar pronto para este fim, o filosofo deve não ter medo de morrer.
            Heidegger, afirmava que a existência é o projetar-se para o futuro, ou seja, o problema em relação à morte, é o não existir, o problema é o momento em que o ser angustia-se por não poder existir mais. Não é o medo de morrer, mas o angustiar-se por não poder existir mais. Para ele, existem pessoas que vivem na impessoalidade e que encontram refúgio na ideia da morte dos outros, mas nunca a sua, recusam-se a pensar sobre este assunto.
             Sartre, dizia que a morte é a certeza do nada, é a retirada de todo o sentido da vida, do fim dos projetos. Para ele a perda da liberdade presente na morte não nos impede de construir projetos.
            Ao longo do tempo as sociedades mudaram a forma de enxergar a morte. Nas sociedades tribais eram comuns lhe dar com a morte, inclusive uma série de cerimonias e rituais lembravam e dignificavam este acontecimento, a morte era aceita como algo natural. Em meados do século XIX e XX era comum que a família acompanhasse a morte do ente querido, o moribundo sabia de seu estado e inclusive crianças acompanhavam todo este processo, o velório ocorria na própria casa e o luto era indicado pela cor da roupa dos familiares. Com a urbanização, os grupos sociais ficaram cada vez menores, o “viver e sofrer em família” ficou cada vez mais incomum, os velórios passaram a ocorrer em locais específicos, as crianças são retiradas de todo o processo e se tornam alheias a este assunto, sendo surpreendidas com a ausência do parente e com estórias de jardins e moradas no céu, além disso hoje em dia, doentes terminais não são comunicados a respeito de seu estado, pois na atualidade, a morte não é debatida, não é facilmente digerida, não é um assunto que se queira conversar; não que desejemos a morte de alguém ou que não haja sensibilidade na partida de alguém que amamos, mas que cada vez mais tarde isto é tratado entre as famílias.
   
         Em contrapartida, desta ideia atual de cuidado a tratar da morte, temos também uma contradição, uma banalidade do morrer, e isto é muito claro no avanço da criminalidade, das guerras cada vez mais constantes, do abandono dos idosos e crianças e da forma como tratamos este assunto no cinema, por exemplo. Ou seja, temos um excesso ao tratar deste assunto para um ente querido moribundo ou para uma criança que perdeu um parente, mas não temos nenhum tipo de cautela em apresentar esta mesma temática através das telas da televisão ou dos noticiários de jornal. Portanto, a criança não é apresentada de maneira coerente e viável a este assunto, sendo sempre algo que ocorre com os outros e ainda assim de maneira banalizada.
A filosofa, Hannah Arendt afirmou que a violência de alguém de retirar a vida de outra por estar cumprindo ordens, é uma banalidade do mal, é abandonar toda a moral e ética por conta de uma obediência tola. Ela temia que a morte fosse banalizada ao ponto, que o regime ditatorial se estendesse para além do período da guerra.
            O pensar na morte não é uma obsessão pelo querer morrer. Mas, antes é avaliar a finitude da vida é reavaliar como estamos vivendo, o que queremos fazer, é ponderar e avaliar nossos comportamentos, é o refletir sobre esta realidade, afim de estar pronto para as situações que a vida pode nos trazer.
            Vivemos constantemente com a morte, não a física. Mas, todas as vezes que vemos alguém oprimido e sem qualidade de vida, é uma proximidade com uma morte em vida.
            O abrir mão de falar sobre este tema, também pode nos levar a relativizar e considerar este assunto pouco importante ao ponto de não considerarmos a dimensão das guerras, dos problemas sociais e do auxílio à alguém. Não que as pessoas não saibam sobre estes assuntos ou não o discuta sem falar sobre a morte. Mas, que assim como somos completamente alheios a falar sobre a morte, também corremos o risco de sermos também em assuntos como as guerras e ações contra pessoas necessitadas.

Comentários

  1. Respostas
    1. Sim. Ritual suicida samurai em "nome da honra". Diversas culturas têem/tiveram maneiras diferentes para lhe dar com a temática, dentre eles os nipônicos com este ritual que você citou. Outro interessante, eram os rituais Vikings e de tribos "bárbaras", em um deles o "águia de sangue", os pulmões do condenado eram colocados sobre os ombros da vítima que agonizava até a morte.

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  2. Sim já ouvi falar sobre esses. É claro que você sabe minha opinião sobre morte. Mas gosto do jeito que esses caras morriam, de certa forma é parecido com os cristãos até ! Admiro muito os samurais e e como viviam.

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    1. Sim, verdade!
      Esta prática ainda ocorre no Japão e preocupa o governo nipônico por se tratar de uma prática suicida e há relatos de pessoas que perdem o emprego e sentem-se desonrados, cometendo por fim o seppuku.

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