Resenha Critica baseada no cap.5, do livro “O ensino das artes: construindo caminhos” de FERREIRA; Sueli. SILVA; Silvia Maria Cintra da, e cap. 6 do livro “Abordagem triangular no ensino das artes e culturas visuais” de BARBOSA; Ana Mae e CUNHA; Fernanda Pereira da.
Resenha Critica
baseada no cap.5, do livro “O ensino das
artes: construindo caminhos” de FERREIRA; Sueli. SILVA; Silvia Maria Cintra
da, e cap. 6 do livro “Abordagem
triangular no ensino das artes e culturas visuais” de BARBOSA; Ana Mae e
CUNHA; Fernanda Pereira da.
O
desenho infantil diz muito sobre o modo que a criança interpreta o mundo, mas
quando há um despreparo/ignorância do professor pode prejudicar no
desenvolvimento de atividades artísticas. Os dois capítulos citados tratam da
leitura do desenho infantil por parte do professor bem como o despreparo do
mesmo para lidar com a diversidade e com o processo de aprendizagem.
No cap.5,
do livro “O ensino das artes: construindo caminhos” traz a duvida que os
professores têm quando se depara com o desenho de uma criança, Ferreira; Silva
(2001) pag143 “como interpretar o desenho infantil?”, os adultos solucionam
este questionamento através da leitura mecânica feita pela psicanalise
(traçados, objetos do desenho, cores mais usadas entre outros), sem levar em
conta o sujeito, sua história, intenções e o ambiente em que vive o desenhista,
o texto não desconsidera que no desenho da criança haja o inconsciente
manifestado, mas salienta que o inconsciente é formado de experiências
concretas que constitui o seu psiquismo; o mais adequado seria olhar o desenho
da perspectiva do autor.
Enfatiza
a imagem como elemento mediador na atividade mental/cognitivo, portanto precisa
ser valorado e utilizado como atividade para aulas, acima das reproduções
vazadas que se imprimem para que as crianças pintem, sem objetivos claros de
aprendizagem. O objetivo no ensino de artes, nas series iniciais não é claro
para os professores, que estão despreparados/ignorantes tanto quanto os alunos,
o que ocasiona no uso das atividades para fins pouco proveitosos, como o de
deixar a turma em silêncio, ou relacionar as atividades de desenho com o
prazer, resultando num passatempo sem intencionalidade e por fim acumulando em
pastas e depois os descartando.
O
capitulo propõe uma série de 11 atividades que objetivam o ensino da arte e a coloca
como parte do processo de “desenvolvimento cognitivo” e de aprendizagem; essas
atividades podem ser feitas com crianças até o 5ºano (4ª série) do fundamental
I, estruturando o trabalho do professor e oferecendo novas perspectivas para as
exposições dos desenhos em varais, murais, entre outros. Também traz alguns
desenhos de atividades realizadas com professores e alunos; é possível ver a
dificuldade que o professor tem ao expressar-se através da imagem, tanto quanto
o aluno. As interpretações foram feitas através da fala do “desenhista” sobre
suas intenções e vivências.
O cap. 6 do livro, “abordagem
triangular no ensino das artes e culturas visuais” fala da obra de arte, não
como pura reprodução nem como pura expressão de sentimento, mas é a criação a
partir de uma referência; portanto o processo criativo é a associação de vivencias
que conectam significados aumentando a rede de conhecimentos, então ampliar a
rede de conhecimentos é alimentar o processo criador. A obra de arte sempre é
uma nova criação, é fruto de um processo inovador, reelaborando a imagem de
mundo que há. Ao longo do tempo a história das civilizações é retratada por
diversos artistas, através de suas obras a visão de mundo de cada autor é
impressa, deixando o registro de diversos saberes e olhares; permitindo assim
que possamos estudar a vida do homem através da história da pintura.
O desenho paralisa um
momento no tempo e por isso retrata inicialmente uma memória individual, além
disso, possuem seus signos próprios, elementos particulares – linha, cor, forma
- no entanto, não podemos dar para estes símbolos significados universais, ao
contrário, a significação do objeto desenhado é dado pelo contemplador. Deste
modo, o significado de uma obra é plural e simultaneamente singular, torna-se
vivo cada vez que é visto. Embora, a ideia inicial desenhada é o que é não
podemos dar um significado uníssono para esta. Pois, neste caso é preciso lidar
com o sujeito contemplador, que traz consigo uma “bagagem” anterior,
fundamental na sua leitura da obra. Deste modo, a leitura que é realizada
inicia-se no passado e carrega aspectos históricos, culturais e sociais. Todos
os sentidos são aguçados na busca da compreensão do olhar do outro, é o
encontro do eu com o outro eu, quando a experiência, a imaginação e a memória
são penetradas há a significação da imagem para o observador.
A autora critica ainda os elogios vazios realizados pelos
adultos aos desenhos infantis, com expressões sem nexo com a realidade. Destaca
ainda que é interessante que as próprias crianças comentem suas criações, deste
modo ficarão livres para desenvolver, melhorar e criticar seus próprios
desenhos. A polêmica está para longe de
dar oportunidade à criança de criar seus próprios desenhos, desconsideramos o
desenho como linguagem, desconhecemos a cultura do outro e aqui o outro
refere-se a criança, por vezes notamos diversos desenhos empilhados e
posteriormente jogados fora, dando um significado para a arte apenas como
entretenimento, que era útil quando estas crianças eram figuras que precisavam ser
controladas. Outro fato é a disposição de nossos murais escolares, quase sempre
temos imagens feitas por adultos que padronizam o que deve ser produzido pelas
crianças, desvaloriza-se assim a individualidade e a criatividade da criança,
dando a esta o modelo a ser alcançado, indiretamente considerando-a inapta para
a arte, um ser, sem poder criativo.
Cleidiane
Vitoria – acadêmico do curso de pedagogia da Universidade Federal da Bahia
(UFBA).
Referências
FERREIRA, Sueli. "Faz o chão pra ela não ficar voando”.
In: O Ensino das Artes -Construindo Caminhos. Papirus Editora. 1ª
Edição. Campinas, 2001, SP.
BARBOSA,
Ana Mae. CUNHA, Fernanda Pereira. Desenho infantil: questões e práticas
polêmicas In: A Abordagem Triangular no Ensino das ArtesVisuais e Culturas Visuais.
(Orgs.). São Paulo: Cortez, 2010.
Massa, resenha legal! Agora assunto dificil de discutir nas escolas, eu acho!
ResponderExcluirVerdade. Entretanto, assunto completamente necessário. O ensino da arte no Brasil é bastante deficitário. É preciso mudar este quadro.
Excluiroi vitor, o assunto é necessario ser discutidos entre docentes que necessitam ensinar arte, como também os pedagogos.
Excluirprecisamos fazer tudo com dedicação, se escolhemos ser o que somos, que sejamos com dedicação total.
Muito, mas muito bom mesmo! Assunto pertinente, principalmente depois que li a primeira resenha! Cleidiane você tá de parabéns! Quem sabe um dia podemos marcar para você e o Dielson darem uma passadinha aqui em BH para palestrar em um congresso de nosso centro...vocês tem temas e argumentos fantásticos!
ResponderExcluirClaro Angela, compartilhar conhecimento é muito bom!
ExcluirSim Angela. Caso se efetive o convite será um prazer compartilhar algo com vocês! Abraços!
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