ENEM FILOSOFIA: Crítica a Metafísica


Definição de Metafísica:

A expressão Metafísica significa: "aquilo que está para além da física", este tipo de doutrina busca a essência de todas as coisas. No período Aristotélico, a metafísica ocupava-se principalmente nos estudos da Filosofia e da Teologia. Durante a Idade Moderna (principalmente em Descartes), ocorre uma distinção significativa no estudo da Metafísica, suas principais "divisões" ideológicas organizaram-se em: Teoria do Conhecimento, Teoria da Ciência (epistemologia) e Teoria da Religião. Neste ínterim, alguns teóricos exerceram papel fundamental na crítica a concepção Aristotélica e Neoplatônica de Metafísica, além de atuarem como severos exegetas das novas divisões modernas.

Criticas modernas a Metafísica:

 O século XVIII é o período conhecido como Iluminismo, Século das Luzes. Como as designações sugerem, trata-se do otimismo em reorganizar o mundo humano por meio das luzes da razão.
Desde o Renascimento desenrolava-se luta contra o princípio da autoridade e buscava-se o reconhecimento de que os poderes humanos por si mesmos seriam capazes de orientar-se sem tutela alguma. O racionalismo e o empirismo do século XVII deram o substrato filosófico dessa reflexão.
A filosofia do Iluminismo também sofreu a influência da revolução científica levada a efeito por Galileu no século XVII. O método experimental recém-descoberto teve a técnica como aliada, expediente que fez surgirem as chamadas ciências modernas. Posteriormente, a ciência seria responsável pelo aperfeiçoamento da tecnologia, o que provocou no ser humano o desejo de melhor conhecer a natureza para dominá-la. Por fim, a natureza passou a ser vista de maneira secularizada, desvinculada da religião. Livre de qualquer controle externo, sabendo-se capaz de procurar soluções para seus problemas com base em princípios racionais, o ser humano estendeu o uso da razão a todos os domínios: político, econômico, moral e inclusive religioso.

No tempo de Kant (séc. XVIII), a ciência newtoniana já estava plenamente constituída e as questões relativas ao conhecimento ainda giravam em torno da controvérsia entre racionalistas e empiristas. Kant estava atento às dificuldades relativas à natureza do nosso conhecimento debruçou-se sobre o assunto em sua obra Crítica da razão pura, mudando o rumo dessa discussão. Sua filosofia é chamada criticismo porque, diante da pergunta "Qual é o verdadeiro valor dos nossos conhecimentos e o que é conhecimento?", Kant coloca a razão em um tribunal para julgar o que pode ser conhecido legitimamente que tipo de conhecimento não tem fundamento. Segundo o próprio Kant, leitura da obra de Hume o despertou do "sono dogmáticoem que estavam mergulhados os filósofos que não se questionavam se as ideias da razão correspondem mesmo à realidade.
Pretendia superar a dicotomia racionalismo-empirismocondenou os empiristas (tudo que conhecemos vem dos sentidos) e não concordava com os racionalistas (tudo quanto pensamos vem de nós mesmos). Para superar a contradição entre racionalistas empiristas, Kant explica que o conhecimento é constituído de algo que recebemos de fora, dexperiência (a posteriori) e algo que já existe em nós mesmos (a priori) e, portanto, anterior a qualquer experiência. O que vem de fora é matéria do conhecimento: nisso concorda com os empiristas. ·O que vem de nós é a forma do conhecimento: com os racionalistas, admite que razão não é uma "folha em branco". sensibilidade é faculdade receptiva, pela qual obtemos as representações exteriores, enquanto o entendimento é a faculdade de pensar ou produzir conceitosEm cada uma dessas faculdades, Kant identifica formas a priori.

O alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770--1831) viveu a turbulência daqueles momentos que sacudiram a Europa e entusiasmou-se com eles. Conta-se que, ainda jovem, com 19 anos, ao lado de Schelling e Hõlderlin, celebrou a Revolução Francesa com o plantio simbólico de uma árvore. Sua admiração por Napoleão, pela capacidade humana de transformação e pelo elogio aos movimentos políticos revolucionários refletiu-se em sua concepção filosófica de históriaImbuído do espírito de sua época, fundou seu sistema a partir da noção de liberdade do sujeito, cuja experiência não é solitária, mas se encontra envolvida pelo coletivo -instância essencial para a consciência de si mesmo. Nesse sentido, Hegel criticou a filosofia transcendental de Kant por ser muito abstrata e alheia às etapas da formação da autoconsciência do indivíduo e deste na sua cultura.
Conceitos como ser, lógicaabsoluto e dialética assumem sentidos radicalmente novos. Por exemplo: o ser não é o ser da metafisica tradicional, mas designa uma realidade em processo, uma estrutura dinâmica. Além de que nenhum conceito é examinado por si mesmo, mas sempre em relação ao seu contrário: ser-nada, corpo-mente, liberdade-determinismo, universal-particular, Estado-indivíduo. Ou seja, o ser está em constante mudança: esta é dialética hegeliana, inspirada no pré-socrático Heráclito.
A doutrinpositivista, cujo principal representante foi o francês Augusto Comte (1798-1857), nasceu nessambiente cientificista que o próprio filósofo ajudoa exacerbar. Em sua obra Curso de filosofia positiva, propôs-se a examinar como ocorredesenvolvimento da inteligência humana desde os primórdios, a fim de dar as diretrizes de como seria melhor pensar a partir do progresso da ciência. A rígida construção teórica de Comte culminou com a concepção da religião positivistaNão deixa de ser incoerente a criação de uma religião, pois, no contexto do seu pensamento, o estado teológico é o mais arcaico e infantil da humanidade. No entanto, desde seus primeiros escritos já aparecia essa noção de espiritualidade, que não se confundia com a religião tradicional. Diante do poder espiritual arruinado de seu tempo, Comte via a necessidade de refundá-lo em princípios não teológicos, por meio da criação de uma Igreja Positivista, principalmente para convencer o proletariado a abandonar o projeto revolucionário. A religião do positivismo integra a sociedade dos vivos na comunidade dos mortos, na trindade formadpelo Grande Ser (a humanidade), pelo Grande Feitiço (a Terrae pelo Grande Meio (o Universo)Seria a religião da humanidade que forneceria o enquadramento social para alocar os indivíduos ao abrigo das convulsões históricas. A religião positivista produziria então o milagre da harmonia social.
No século XVIII, Kant propôs superar a dicotomia racionalismo-empirismo, que fora a principal discussão epistemológica do século anterior. Aliou as formas a priori da sensibilidade e do entendimento ao conteúdo fornecido pela experiência sensível, mas esbarrou nas antinomias da razão que o impediam de conhecer as realidades metafísicas.
Hegel inovou ao perceber a realidade como um processo dialético: razão é histórica, a verdade é construída no tempo. O pensamento, posto em movimento na história, desferiu um golpe na visão estática e metafísica do mundo. Para o idealismo hegeliano, mais do que um modelo a ser aplicado, a racionalidade é o próprio tecido do real e do pensamento.
Comte procurou entender o novo mundo criado pela ciência, pela tecnologia e pelo desenvolvimento industrial. Descartou a metafísica ao reconhecer a ciência positiva como um saber acabado, o ápice da vida e do conhecimento humanos, configurando assim a concepção cientificista que marcaria um longo período.

Continua...

Comentários

  1. Alberto - Unicristã3 de outubro de 2017 às 23:57

    Grande professor Dielson, muito obrigado por essa aula. Quando aparece novamente lá na Faculdade?

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